Desde a primeira vez em que vi Shadow of Mordor, sabia que ou iria me decepcionar completamente ou este se tornaria um dos meus jogos favoritos desta nova geração. E posso dizer que depois que mais de 40 horas jogadas que não estou nem um pouco decepcionado.
ENREDO
Shadow of Mordor segue a história de Talion, um Guardião (Ranger) que (sem entregar nenhum spoiler) acaba envolvido em uma maldição que o impede de morrer e o conecta a um Elfo que lhe confere o poder do Wraith, que permite controlar a mente de Orcs e Urkus, atirar fechas mágicas, sugar energia, incapacitar e manipular a mente dos inimigos e muito mais.
Para os fãs mais ardorosos de O Senhor dos Anéis e O Hobbit, a história contada no jogo pode as vezes não fazer muito sentido (não vou citar nenhum exemplo para não dar spoilers), mas no geral a inserção de personagens queridos do público como Gollum traz uma aproximação maior com o universo dos filmes e livros, além do mais é empolgante entender o porque Talion possui esses poderes e toda a sua jornada contada em pouco mais de 15 horas de jogo. Além de Talion, o jogo conta com um elenco de personagens extremamente cativante, sem contar o Exército de Sauron, que por si só já são um show a parte. É possível enxergar personalidade mesmo nos soldados aleatórios que Talion enfrenta no decorrer do jogo, andando por Mordor volta e meia você se depara com soldados comentando sobre um determinado Capitão que foi derrotado, ou sobre estratégias para serem promovidos entre outras coisas.
Sem nenhum spoiler, pela grandiosidade do jogo, o final é um pouco simplista, mas honestamente isto não me incomodou nenhum pouco pois para mim o que importou foi toda a jornada até ali, então quando os créditos rolaram eu estava muito satisfeito com a experiência.
JOGABILIDADE
Em um primeiro momento ao ver Shadow of Mordor, o instinto é pensar na série Batman: Arkham e em Assassins Creed, e não existe problema algum com isso. Mesmo sendo bem similar em certos pontos, o jogo consegue se segurar como algo extremamente diferente. Ainda sim, o tipo de jogabilidade dos jogos citados caiu como uma luva no que Shadow of Mordor se propõe, fazer com que o jogador se sinta poderoso mas sem que o senso de perigo lhe seja tirado.
Logo que comecei a jogar, fui todo alegre enfrentar um bando de Uruks, achando que seria super tranquilo aniquilar com aquela tropa e o seu Capitão. Resultado: Humilhação Total. Mas em Shadow of Mordor, mesmo quando se está prestes a morrer ainda existe uma esperança, o Last Chance. Trata-se de um Quick Time Event, que se feito da maneira correta dá ao jogador uma nova chance na batalha.
Mas o ponto alto da jogabilidade está no Sistema Nêmesis, que traz para Shadow of Mordor algo que nunca vi em nenhum outro jogo. O sistema consiste basicamente em uma briga por posições e poder no alto escalão dos Exércitos de Sauron. Cada Capitão possui fraquezas, fortalezas e uma nota na escala de Poder que tende a baixar ou aumentar com o decorrer do jogo e conforme o desempenho deste mesmo Capitão em missões espalhadas pelo mapa que acontecem em tempo real e que você pode ou não interferir. Ou seja, enquanto você está fazendo o seu jogo, os Uruks estão fazendo os deles, perambulando pelo mapa em busca de poder.
Outro aspecto extremamente interessante do Sistema Nêmesis é, como existe essa busca pelo Poder e você sendo o principal inimigo do Exército de Sauron, uma vez que o jogador é morto por um determinado Uruk, ele muito provavelmente será promovido a Capitão. E o mais legal é que quando você encontrar com este inimigo novamente, ele irá "lembrar" que te matou e ainda vai te dar uma humilhada.
O que me impressionou mais nesta "memória" que seus inimigos possuem foi uma situação onde eu estava enfrentando um determinado Capitão que tinha medo de Caragors (uma das criaturas do jogo), o que aconteceu após uma dessas criaturas aparecer no exato momento da batalha e me matar me surpreendeu. Quando eu encontrei este Capitão em outro momento, não só ele lembrou da situação, como citou a criatura e tirou um sarro pela maneira que morri.
Na segunda metade do jogo o Sistema Nêmesis fica ainda mais interessante com o poder de Marcar (Brand), que faz com que Talion consiga controlar a mente de Uruks que foram derrotados em combate mas não mortos, incluindo Capitães e Warchiefs.
Foi extremamente gratificante marcar um Capitão guarda-costas de um determinado Warchief, ver ele se virar contra seu mestre no momento em que entrei em batalha com os dois e ser promovido logo em seguida a morte de seu chefe.
COMENTÁRIO FINAL
É notório que Middle Earth: Shadow of Mordor pega pontos ótimos de franquias de sucesso conhecidas e incorpora em sua experiência. Mas mais notório ainda é como ao introduzir um novo elemento chave, o Sistema Nêmesis, transforma a experiência para o jogador em algo único e estimulante, fazendo com que você tenha que pensar e repensar em cada confronto contra seus inimigos, observando suas fraquezas e sua posição na escala de poder e influência.
Algumas mudanças na antologia de O Senhor dos Anéis em favor da trama e um final um tanto simplista podem desagradar alguns jogadores, mas para mim o que importou foi toda a experiência.
Shadow of Mordor faz com que o jogador se sinta poderoso, porém sem retirar o senso de dificuldade e dar a sensação de que você simplesmente está passando pelo jogo como se nada oferecesse perigo. Mesmo avançando no jogo e adquirindo cada vez mais habilidades, sempre tive a sensação de que em qualquer batalha, eu poderia ser morto e desencadearia toda uma mudança na escala de poder dos Exércitos de Sauron.
NOTA FINAL
Middle Earth: Shadow of Mordor está disponível para Ps3, Ps4, Xbox 360, Xbox One e PC.
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