quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Review - The Order: 1886 (PS4)


Muito têm se falado sobre a duração das campanhas dos jogos atuais e The Order: 1886 foi um dos objetos mais recentes dessa polêmica. Quanto tempo é necessário para contar uma história de qualidade? Quanto tempo é considerado exagerado para desenvolver o enredo? Sim, The Order: 1886 é um jogo curto para os padrões atuais onde o normal é um mínimo 10 horas e um máximo de "Deus sabe o quanto", porém a duração talvez seja o menor dos problemas aqui. Até é possível entender, do ponto de vista comercial, o polêmico embargo feito pela produtora do jogo sobre reviews a serem feitos antes ou junto com o lançamento do jogo, que claramente foi imposto para que as vendas e pré-vendas de The Order: 1886 não sofressem.

Com aproximadamente 8 horas de duração de jogo, The Order: 1886 conta uma história razoavelmente boa, a questão é o quanto no decorrer deste tempo você está realmente no controle e o quanto você está somente olhando para tela e aguardando o final de uma cut-scene ou esperando um "quick-time event", fazendo com que a experiência geral seja um tanto "blah". 

Jogabilidade: Talvez aqui seja o ponto onde The Order: 1886 perde a maioria dos pontos com os jogadores trazendo uma jogabilidade que não chega a ser ruim, mas por ser extremamente "travada". Na parte em que a ação acontece em meio a tiroteios contra humanos e lutas contra monstros o jogo faz um bom trabalho, porém muito mais do que o necessário o jogador é retirado do controle do personagem e colocado como espectador de incontáveis e intermináveis cut-scenes, isso quando não é bombardeado com uma série de quick-time events seguidos. 
Não me entenda mal, eu curto bastante a inclusão de quick-time events na jogabilidade, isso faz com que o jogador esteja atento o tempo todo. Porém quando usado em excesso, como é o caso aqui, o recurso acaba sendo mais um incômodo e uma maneira de dar uma falsa sensação de controle ao jogador do que qualquer outra coisa.

Outro problema da jogabilidade é a interação extremamente limitada com o ambiente ao redor do personagem que em passagens do jogo que estão fora da ação deve se limitar a empunhar um ou outro objeto para analisar em favor da progressão do jogo e a escutar diálogos genéricos dos personagens ao seu redor. The Order: 1886 é visualmente incrível, o que faz com que esta sensação de "estar no museu cercado por obras de arte e não poder tocar em nada" seja ainda mais frustrante.
 
Gráficos: Neste aspecto não há o que dizer de ruim sobre The Order: 1886. O jogo é graficamente impecável com uma atmosfera sombria e assustadora na medida certa. O mundo que cerca o jogador é detalhado desde a iluminação dos ambientes externos de uma Londres fantasiosa até os detalhes dos objetos espalhados pelos cenários internos. Os personagens são muito bem feitos, desde aqueles nas ruas que não participam diretamente da ação, passando pelos inimigos, até os protagonistas e seu arsenal de armas de fazer inveja a qualquer outro shooter do mercado. Junta-se a isso atuações impecáveis dos dubladores e o que você tem é um ótimo filme "a la Van Helsing".


Enredo: Embora sem nada tão inovador, a história é interessante e os personagens bem construídos. Os jogadores assumem o papel de Sir Galahad, um membro de uma ordem de elite de cavaleiros que data desde Os Cavaleiros da Távola Redonda que se encontra em meio a uma guerra contra criaturas nefastas que já se arrasta por séculos e irá determinar o curso da história para sempre. Em uma Londres da Era Vitoriana reinventada, cabe aos Cavaleiros da Ordem, com seu arsenal de armas poderosas e fortalecidos por um líquido misterioso chamado Blackwater capaz de curar suas feridas, lutar contra as criaturas sobrenaturais e conter uma rebelião contra o governo e a própria ordem.

A história se desenvolve bem e faz com que o jogador crie um vínculo com o personagem principal, isto junto com as ótimas atuações dos dubladores propiciam momentos narrativos da melhor qualidade. Mas sem deixar escapar nenhum spoiler, o final pode deixar um pouco a desejar e ser um tanto vago, portanto não crie muitas expectativas.


VEREDITO:

Com uma premissa ótima e gráficos incríveis, unidos a uma ambientação perfeita, The Order: 1886 tinha todas as ferramentas para se tornar um clássico instantâneo e algo realmente especial no mundo dos games, independentemente de sua curta duração. Porém uma jogabilidade engessada e genérica tiram todo o seu brilho e nos deixa com uma sensação de "isto feito da maneira correta seria incrível" durante o jogo todo. Muitas cut-scenes longas (as vezes beirando o tédio) e quick-time events desnecessários fazem com que The Order: 1886, como jogo de videogame, seja um ótimo filme de terror para ver em um sábado a noite. No geral, colocando tudo na balança The Order: 1886 não é um jogo ruim, de maneira nenhuma, apenas não é bom o suficiente para fazer valer o investimento. Se for possível alugue, se não, compre em promoção futuramente (acredite não vai demorar muito). 


NOTA FINAL





Confira abaixo os primeiros 30 minutos do jogo:





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